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Archive for Janeiro, 2011

É o Estado do país, meus caros…

23 Janeiro, 2011 1 comentário

Realizaram-se hoje as Eleições Presidenciais de 2011. Grande alarido tem feito a campanha, baseada em ataques pessoais e no levantamento de suspeitas. Ridículo, quando a campanha tem, como principal fim, a revelação dos interesses de cada candidato. Mas isso para o poveco não interessa. Ele gosta é de cowboiada!

A corrida marcha fúnebre às urnas teve o seu término há umas horas, e os resultados, embora desprovidos de novidades, são alarmantes. Uma população que se queixa frequentemente da falta de palavra que os políticos possuem, quando prometem e não cumprem. Toda a gente opina sobre a política nacional, nem que seja para dizer merda. Aqui, política e esterco são sinónimos. Algo repugnante, horrendo e a evitar. E com 52.47% de abstenção, o povão levou a peito essa coadunação dos dois vocábulos.

Acho, sinceramente, ultrajante este valor tão alto. Um ultraje ao país. E, acima de todo, ao cidadão que sabe votar em consciência e que leva este jogo a sério.

Não exijam dos políticos seriedade e palavra de honra, meus caros. Olhai para vós! Tende vergonha nesse focinho preguiçoso. Antes de exigir o que quer que seja de quem nos governa, há primeiro que participar activamente no acto de eleição. Um acto nobre acessível a todo o cidadão luso. É que isto só vem provar que a merda, antes de a haver no poder, há-a sim, aos montes, no povo que é (nem sabe ser) governado.

Interessantes revoluções

15 Janeiro, 2011 1 comentário

Ora, como já devem saber – sim, porque a comunicação dá especial relevo a estas mariquices – vieram, ontem, vários astrónomos norte americanos a público afirmar que o horóscopo terá mudado. Basicamente, na prática, recua-se um signo. Por exemplo, eu que sou Capricórnio, serei agora Sagitário. Isto porque se introduziu entre Balança e Escorpião, Serpente, levando o penúltimo signo a reduzir significativamente o seu espectro para apenas 6 dias! Escusado será dizer que entrou logo tudo em alvoroço, pois é certo e sabido que a populaça curte bué daquela merda.

O néscio povinho é tão, mas tão limitado, que acredita em tudo aquilo que lhe dizem. Desde o desporto, à religião, passando pela política, grande parte daquilo que se diz por lá, é prontamente adoptado como dogma pela plebe. E o mesmo se passa no que ao horóscopo diz respeito. Sabe-se lá porquê, a malta acredita naquilo! Tenho para mim que aquilo não passa de um monte de aleatórias afirmações, onde é o leitor que – inconscientemente – se desdobra em articulações mentais e desdobramento de conceitos para que sinta que aquilo que se diz, é referente a ele. Chega a ser hilariante toda esta paranóia.

Um conhecido meu trabalha numa rádio local. E, tal como toda a rádio que se preze, para além dos míticos “Discos Pedidos”, há também espaço para a leitura do horóscopo. E há uns tempos, a meio de uma qualquer conversa casual, ele disse que a pessoa encarregue da pesquisa do horóscopo – entre outras coisas – tinha saído da já supracitada rádio. Nesse sentido, deixaram de levar a cabo essa leitura, pois lhes pareceu que não era algo que merecesse grande esforço por parte da equipa da rádio. Então, o que acontece? Poucos dias depois, tinham dezenas de chamadas de ouvintes a pedir uma justificação para a extinção do espaço semanal do horóscopo nas emissões. Ora, vendo que aquele espaço era muito estimado pelos ouvintes, decidiram voltar a abordá-lo. Mas como o trabalho era muito, e não tinham muito tempo a perder em pesquisas de tão fúteis coisas, decidiram, na loucura, inventar o horóscopo! Resultado: indiscutível sucesso. Não só acabaram com as queixas de quem sentia falta daquele espaço, como nunca lhes telefonaram a apontar querelas nos relatos das suas próprias Vidas. Ou seja, sentiam-se bem com um grupo de palavras inventada por um bando de gajos que se está a cagar para aquilo que estavam ali a dizer. Genial!

Depois deste exemplo da estupidez plebeia, há que reparar que, com poucas horas de divulgação, a mudança de horóscopo já gerou inúmeras notícias, milhares de comentários. E não deixa de ser estranho – ou talvez não – ver toda a gentalha extremamente ocupada a opinar tudo isto, mas estando-se, ao mesmo tempo, a cagar para as eleições que se aproximam,  chagando até a assumir de forma totalmente ufana, que não vão votar. Ou que se estão a cagar para a política. Mas quando o assunto é horóscopo, é vê-los com voz activa…

Portanto, os próximos desenvolvimentos serão giros de assistir. Que farão aqueles que – aos milhares – tatuaram o seu signo? Irão agora remover a tatuagem? Ou, na dúvida, tatuam o novo para que seja sempre uma aposta segura? Já para não falar no aumento exponencial do preço das publicidades junto às previsões de cada signo. É que, enquanto estamos neste clima de dúvida astral, aqueles que levam isto a peito irão ler o seu signo de sempre, mas também o novo que lhe incumbem com esta mudança, não vá o Diabo tecê-las e um gajo ficar desprevenido. Resultado: Pagar-se-á muito mais, pois o tempo médio de leitura daquela página irá, no mínimo, triplicar. Supondo que um leitor médio demora 15 segundos a ler a sua previsão. Agora irá gastar 15 segundos no signo clássico, mais 15 segundos a tentar lembrar-se do seu novo signo, enquanto o tenta encontrar no meio dos outros e, finalmente, outros 15 segundos a ler a previsão do seu signo segundo a nova mudança.

 

Os antigos profetas afirmavam que no ano 2000 iriam ser levadas a cabo coisas de pura loucura e histeria. Eram bons os gajos, uma vez que só se enganaram em 11 anos…

O Admirável Mundo Novo

12 Janeiro, 2011 Deixe um comentário

Que a tecnologia de hoje em dia protagoniza um papel activo e crucial no nosso conforto quotidiano, é já sabido. É também do conhecimento geral que os pequenos aparelhos que transportamos de um lado para o outro – telemóvel, leitor de mp3, GPS e afins – possuem já um número bastante apreciável de utilidades e potencialidades. Muitas das quais nós, ou por ignorância, ou até por falta de paciência,  negligenciamos sumariamente.

E não é que hoje, ao fazer a actualização do iTunes, a Apple me vem advertir para eu não usar o seu software no fabrico de – e passo a citar – “(…) armamento nuclear, mísseis ou armas biológicas ou químicas.”? A malta da empresa californiana anda um bocado louca, só pode. É que, ao efectuarem o aviso, estão a dar a ideia de que é possível. Por exemplo, eu não chego como vendedor de carros e aviso o comprador para não o usar como avião. Pois sei que é fisicamente impossível. Não há hipóteses de isso acontecer. E o pior, podem até encetar uma onda de más interpretações. Interpretações de desafio.

Imaginemos um qualquer terrorista. Chega a casa depois de um dia de trabalho no campo de formação de bombistas suicidas. Vai ao cesto da roupa suja largar o casaco cheio de vísceras meio chamuscadas resultantes dos exercícios de treino. Enquanto se questiona acerca da utilidade do seu posto laboral, vai ao PC, ver as últimas notícias. E é avisado pelo iTunes de que está disponível uma actualização para o programa. “Porreiro!”, pensará ele, aceitando prontamente fazer esse mesmo upgrade. Mas antes é avisado de que não fará uso daquele software para construir ” (…) armamento nuclear, mísseis ou armas biológicas ou químicas.” Muito dificilmente iria o terrorista acatar a ordem dada pelo texto.

Com tudo isto provam então, todos eles, serem uns génios. É que, uma coisa é desenhar e construir o iPod, um ícone na cultura pop contemporânea. Outra, bem mais complexa, é conceberem uma ogiva nuclear ou um míssil a partir do software que fornecem nos seus leitores de música. Usaremos o play e o stop para controlarmos o lançamento premeditado da nefasta arma? Servirá o equalizador de áudio para configurarmos as rotas e parâmetros da ogiva? E será que podemos seguir o seu progresso em tempo real com a ajuda do GPS integrado?

É, indubitavelmente, um admirável mundo novo, se olharmos para o aparelho com esta perspectiva. Aldus Huxley adoraria, certamente, estar a testemunhar tudo isto.

Superioridade felina

3 Janeiro, 2011 Deixe um comentário

Os felinos relaxam no solo em que os caninos não ousam pisar.