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Archive for Outubro, 2010

Houve quem dissesse II

22 Outubro, 2010 2 comentários

 

Torna-te aquilo que és”
Friedrich Nietzsche

Entretanto, mais “Uma Aventura” da senhora Alçada

21 Outubro, 2010 Deixe um comentário

Ora, vem ontem, dia 20 de Outubro de 2010, a senhora Ministra da Educação, Isabel Alçada, anunciar ao país que o concurso destinado à colocação de professores contratados vai ser congelado. Dá, como justificação, a inolvidável necessidade de se reduzir a despesa do Ministério, como aliás é já conversa mais que mastigada neste nosso país.

O que me choca no meio disto tudo, é a percepção que esta gente gentalha do Ministério tem da crise, e das soluções que estão ao alcance do Governo para a resolver, ou no mínimo, contornar sem colocar o país na penúria. Sem nos mergulhar no balde de merda que preparam já há largos anos.

Pois bem, para o tal swan dive direito ao dito balde, a senhora Alçada afirma que “A situação que vivemos actualmente impede o ministério de realizar o concurso extraordinário de docentes em 2011, mas serão colocados todos os docentes necessários nas escolas”. Explique-me portanto, senhora ministra, que raio de política é esta. Ora, ao dizer que “serão colocados todos os docentes necessários nas escolas”, está implícito uma de duas coisas; se este ano, com o congelamento, vai haver à mesma a quantidade necessária de docentes, nos anos anteriores havia professores em excesso, que estariam a consumir indevidamente os recursos provenientes de todos nós, os contribuintes ou simplesmente está a mentir com todos os dentes que possui na boca, esperando que a malta se acomode com essas desculpas de algibeira.

Ora, dada a minha já extensa experiência no sistema de ensino luso, acredito piamente que seja a segunda opção, uma vez que nunca houve, efectivamente, professores a mais nas escolas que frequentei. Houve, e há até, uma crassa falta de funcionários nas escolas. Funcionários que têm que se desdobrar para fazer todas as tarefas que lhe são confiadas como se estes possuíssem 6 braços. O pior é que o Ministério não reparou que eles não dispõem de mais de um par de membros superiores, o que lhes dificulta, e muito, a execução de tais tarefas atempadamente. Já na parte docente, era de lamentar chegar-se a Abril, e ter na sala um dos mais competentes professores que tive na Vida, completamente esgotado, tal era o número de turmas que tinha sob sua égide, pois, pasmem-se, não havia professores suficientes!

Portanto, estamos aqui a assistir a um claro acto de tentar ludibriar a opinião pública com estas falsas promessas de estabilidade, quando o sistema está roto. Não estou a dizer que não devam reduzir a despesa. Claro que devem. Têm que o fazer até. Mas cortem em algo supérfluo, tipo, as frotas do Ministério, ou nas regalias dos quadros superiores. Nunca no número de docentes no terreno que já era parco. Ao condicionar a já frágil Educação, estão a hipotecar o futuro do país, que de risonho já não possui rigorosamente nada. Cuidem-se e cresçam. Pois, ao contrário do que diziam os Pink Floyd, “We DO need Education“.

PCP no seu melhor…

13 Outubro, 2010 Deixe um comentário

“O encontro entre o vice-ministro chinês da Pesca e ministra norueguesa da Pesca, agendado para amanhã, foi cancelado. A decisão vem no seguimento da atribuição do Prémio Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo.

A informação foi dada a conhecer no mesmo dia em que a China impediu os diplomatas europeus de se encontrarem com a mulher de Xiaobo. O país asiático foi tão peremptório na sua decisão que chegou ao ponto de desligar o telefone de Liu Xia.

No domingo, Xia já tinha ficado em prisão domiciliária, após ter visitado o marido na cadeia, e o ter informado acerca do prémio. Ao tomar conhecimento da nomeação, Xiaobo, que está a cumprir 11 anos na cadeia, decidiu dedicar o prémio aos que morreram a 4 de Junho de 1989, na Praça de Tiananmen, em Pequim.

O Nobel da Paz, atribuído pelo comité norueguês, criou tensões com a China, apesar de o governo da Noruega não ter voto na matéria.”

Jornal Metro nº 1298


Dia 8 deste mês, Xiaobo recebeu o Prémio Nobel da Paz, pela sua incessante e pacífica luta em prol dos Direitos Humanos. Estamos, portanto, a falar de alguém que participou durante a sua juventude em várias manifestações na China, a fim de se obter a Democracia naquele país politicamente fechado e estupidamente esquerdista. Ora, pelos meus padrões, alguém que lutou, desta forma, e sem parar, merece, com toda a justiça, a honra de receber tal prémio. Porém, ontem, vem o Partido Comunista Português (PCP) afirmar que esta nomeação é “(…) mais um golpe na credibilidade do galardão (…)”. Acho, portanto, incrivelmente hilariante um partido democrático vir a público afirmar que, alguém que sempre lutou de forma justa pelo sistema político onde se apoiam e sustentam, não merece tal distinção. Deplorável. Os senhores comunistas nacionais deviam saber separar o fanatismo esquerdista que demonstram ao proteger o regime comunista chinês, do bom senso necessário e imprescindível na Vida política. Se calhar amanhã vêm todos orgulhosos apoiar fanaticamente o anúncio do sucessor de Kim Jong-Il no poleiro do poder da Coreia do Norte, um país opressor e intérprete de uma real ameaça marcial. Mas, uma vez que se rege pelo comunismo, já é uma enorme e justa nação, que terá em Kim Jong-Un a segura perpetuação da ditadura esquerdista que sufoca a população há mais de cinco décadas. Mas de quem condena a oferta de tal prémio a quem viu milhares de camaradas morrer às mãos do exército do próprio país, (ver Massacre da Praça de Tiananmen) já se espera tudo. Atitude escusada, no fundo…

Portanto, o nosso PCP é um partido acéfalo e fanático. Acéfalo porque não vê que a posição que acaba de tomar ofende a democracia, que o partido tanto diz adorar. Fanático, porque não olha ao contexto, nem avalia as variadas situações com a sapiência que se exige. Lembra-me o nacionalismo, tão característico da extrema direita; não pressupõem mais nada, à excepção dos seus próprios ideais.

Com tudo isto, a crise política que vivemos hoje no país, é não só de desacordo, como também, e ao que parece, de identidade do flanco esquerdo do parlamento, pois já não sabem o que fazer com a foice e o martelo que dizem empunhar. Pobres Marx e Lenine, que nunca pensaram que os seguidores dos seus ideais seriam tão insipientes em terras lusas.